Com o amor acontece algo similar. Quando nos sentimos carentes é comum embarcarmos em relacionamentos confusos, pois buscaremos no outro o amor que não conseguimos armazenar em nós mesmos.
Algumas mulheres ao se sentirem carentes, doam intensamente seu amor ao companheiro, oferecendo toda espécie de carinho, afeto, agrado, abrindo mão de sua própria vida em função do outro. O companheiro vem em primeiro lugar, muitas vezes acabam abrindo mão de seus amigos, trabalho, família, filhos, simplesmente para satisfazê-lo. Mulheres carentes fazem de tudo em prol do companheiro, vendem sua própria alma, ou melhor seu coração, se for preciso. Se esquecem que são tão merecedoras de amor quanto eles.
Como os homens se comportam frente as mulheres carentes? No início alguns podem até gostar, já que recebem tudo de suas amadas, carinho, amor e dedicação total. Com o tempo acabam se cansando desta situação, perdem interesse por suas companheiras, desqualificando-as e desmerecendo-as.
Essas mulheres, possuem uma lógica distorcida do amor, pensam que quanto mais se doarem ao seu amado, mais ele as amará.
Quando a mulher se esquece de si, ela abre portas para ser rejeitada, para ser menosprezada e para não ser valorizada pelo companheiro.
As mulheres carentes, muitas vezes não conseguem se satisfazer com o que recebem. Sugam a energia dos que estão a sua volta exigindo atenção constate, querendo agradar, querendo ser uma boa dona de casa, esposa e amante. Por medo de serem abandonadas, fazem de tudo para ter seu companheiro por perto, como afirma o ditado: ruim com ele pior sem ele. A baixa auto-estima sempre vem acompanhada nesses casos, pois não gostando de si, atraem pessoas que também não a valorizam.
Quando a mulher é independente, inteira e autônoma ela é mais seletiva em suas escolhas afetivas, tem a capacidade de optar por relacionamentos que irão lhe oferecer trocas mais maduras e criativas. Escolhem companheiros mais maduros psicologicamente, dispostos a dar e receber e a manter um relacionamento onde os dois ganhem.
Voltando ao exemplo do início: quando se está com muita fome até o pão de ontem se aceita. Com carência é igual, pois qualquer coisa é melhor do que nada.
Como não cair nessas armadilhas então? Primeiramente a mulher deve priorizar sua vida, saber dar a devida importância a seus valores, idéias e crenças pessoais. Deve estimular o contato com suas amizades, estar aberta a novas amizades ou experiências de vida, dedicar-se a um trabalho produtivo que goste e no qual sinta-se realizada, ter vários prazeres em sua vida e principalmente não limitar o seu existir, o seu propósito de viver em função de uma relação.
É! Realmente isso acontece com mais frequência do que possamos imaginar, talvez porque na nossa maioria desconhecemos o verdadeiro significado da palavra carência, visto que esta se apresenta de tantas formas (carência econômica, legal etc.), portanto vamos nos ater ao conceito que nos interessa a concepção de carência no âmbito da psicologia, buscando paralelamente o significado das palavras “afetiva” e “sexual”.
O termo “carência” vem do latim vulgar carentia. Significa “falta de algo necessário”, “privação”, “necessidade”.
Com relação à origem da palavra “afetiva”, sabe-se que parte do latim affectivu, relativo a afeto (do latim affectus), que tem como acepção “afeição por alguém”, “inclinação”, “simpatia”, “amizade”, é um estado emocional ligado à realização de um impulso que, reprimido, pode transformar-se em angústia.
Caminhemos agora para o conceito do vocábulo “sexual”, que nada mais é do que um adjetivo pertencente à palavra sexo. Etimologicamente deriva do latim sexu e pode apresentar diversos significados, desde diferença física ou conformação especial que distingue o macho da fêmea – conjunto de indivíduos que têm o mesmo sexo – relação sexual (coito, cópula). Este último significado é o que nos desperta a curiosidade. Que tal uma pequena junção de palavras e acepções?
A carência afetiva pode ser interpretada como uma necessidade afetiva ou de afeição, aquela pessoa que busca ou procura o afeto, a simpatia, a amizade, por isso pode resultar na necessidade de um relacionamento com outrem, mas não significa obrigatoriamente um relacionamento sexual. Por outro lado a carência sexual é a necessidade da realização do coito, ou se preferirem da cópula carnal, da união sexual.
E agora pergunto: qual das duas carências é mais fácil de ser suprida? A afetiva é intrínseca ao ser humano seja pela solidão circunstancial, seja pela sentida na infância, e por isso é muito mais difícil e por vezes quase impossível de ser suprida, daí aquela frivolidade após coito, ou sensação de solidão em meio à multidão. A carência sexual é bem mais simples e acessível, e logicamente mais fácil de ser preenchida, atualmente até sem sair de casa pode ser resolvida.
Em vista dos conceitos acima, é possível pôr fim a distorção do significado das palavras que nos têm atordoado durante muito tempo. Assim sendo, agora que você se encontra um pouco mais munido/a do que no início do texto, espero que consiga distinguir com clareza qual carência que o/a assombra (ou não), pense de forma racional antes de sair por aí de maneira imoderada, a procura de alguém ou algo para acabar com a sua carentia. Imagine se a sua carência não for de caráter affectivu? Sair para encher a cara em bar, ou ir para boate a procura de “alguém” só vai aumentar mais ainda a sua carentia caso esta seja de caráter financeiro e você não quer isso, pois não? Então reflita, reflita e reflita. Tentarei fazer o mesmo sempre que me sentir carente.